29 novembro 2006

Só Jesus expulsa os demônios!

Eu sempre quis sair por aí tirando fotos do Rio de Janeiro no esplendor de sua decadência, mas nunca o fiz com medo de roubarem a minha máquina. Aí comprei um celular com câmera, e tenho medo que roubem o celular também.

Tem uma frase bem recorrente pintada pelos muros da cidade que diz assim: "Só Jesus expulsa os demônios das pessoas". Essa é a mais comum, mas tem as variações, que são mais engraçadas: "Só Jesus expulsa a Pomba Gira das pessoas", "Só Jesus expulsa o Zé Pilintra das pessoas", "Só Jesus expulsa a Cigana das pessoas" e a sempre popular "Recebendo santo nada, você recebe o demônio!"

Então prometo que da próxima vez que estiver de passagem pelo Cais do Porto, vou fotografar com exclusividade pra este blog a melhor pixação de muro de todos os tempos:

"Só Jesus expulsa a Maria Padilha das pessoas"

Coitada. Eu sempre achei ela uma boa atriz...


E.

28 novembro 2006

B92 - Rock e Resistência em Belgrado

Aproveitei o intervalo entre o Vinhas da Ira, do Steinbeck, e o provável Dance Dance Dance, do Murakami, pra ler algo que já estava na fila esperando há um tempão. O livro B92 - Rádio Guerrilha [Editora Barracuda] conta a história real da Rádio B92, a mais importante voz de oposição ao regime ditatorial do Milosevic durante as guerras dos Bálcãs [Croácia, Bósnia, Kosovo e esqueci alguma, historiadores(as)?]. Eu realmente não lembrava de muita coisa sobre esse período, com exceção da parte dos bombardeios da OTAN, mas só porque isso caiu no meu primeiro vestibular. Enfim, embora não seja muito profundo nas causas que levaram a antiga Iugoslávia a sumir do mapa da Europa, o livro do jornalista Matthew Collins é bem competente ao retratar a realidade da juventude sérvia, especialmente a de Belgrado, e sua (falta de) reação frente ao turbilhão de mudanças ocorridas após a derrocada do Comunismo, da euforia ao desespero, assim, num piscar de olhos. E a capa é ótima, né?

Post post: Depois de escrever esse post, fui procurar no Google pelo site da B92, pra ver se dava pra escutar online. Eu até tentei, mas não consegui não. Digamos que eu não consegui ler o manual de instruções. Mas vai lá, se tiver coragem, é só clicar aqui. E eu queria ter um nome sérvio, são todos tão maneiros!

Metáfora: Como demora esperar uma água ferver. Ao passo que se a gente fica ocupado com outra coisa, acaba esquecendo a chaleira no fogo.

Ou algo assim.

c.

27 novembro 2006

Hooch e a vida urbana


Nas minhas pesquisas pro mestrado me deparei com um texto de um historiador adorável, Peter Burke, inglês casado com uma historiadora brasileira. Ele contava de sua reação quando criança, ao ver as pinturas do pintor holandês Pieter de Hooch (1629-1684). São cenas de interiores, com aspectos da vida cotidiana retratadas de uma maneira realmente fenomenal. Sugiro a todos que escrevam o nome dele no Google Images, para ver o que mais há. Eu escolhi essa imagem, Festa Musical em um Pátio, de 1677, porque ela ilusta um aspecto muito interessante. Antes de mais nada, é preciso dizer que foi com a pintura holandesa, da qual Hooch faz parte, que a cidade e seus costumes passam a ser retratados pela pintura. Antes disso, aspectos urbanos só apareciam como fundo para pinturas mais "importantes", em geral cenas bíblicas ou retratos. Nessa imagem, Hooch consegue mesclar o espaço privado, onde ocorre o sarau, e o espaço público, que se dá a ver através de uma abertura. Por ela é possível vislumbrar algumas casas na rua e o céu, como se olhássemos por um buraco de agulha. Há um homem parado bem na divisa dos dois "mundos", olhando para fora e segurando seu chapéu. Ele participa dos dois ambientes, escutando a música que é tocada no pátio, enquanto admira o mundo lá fora. Hooch conseguiu mostrar, nessa pintura, como o público e o privado relacionam-se na vida cotidiana.

c.

26 novembro 2006

As pérolas da minha irmã:

"Tem gente hoje em dia que só lê no cinema!"

Slogan: Filme legendado: um incentivo à leitura.

c.

Please play this song on the radio

Eu não lembro como as pessoas faziam antigamente pra escutar música boa. Isso porque quando eu realmente comecei a levar música a sério, a troca de músicas pela internet ainda era algo como uma novidade, e o Napster apenas começava a ser visto como uma ameaça. Pouco antes disso, a indústria fonográfica encrencava com os sites de Midi com os mesmos argumentos com os quais demonizam o formato mp3 hoje em dia.

Se a memória não falha - e se falhar, não tem problema, porque isso já é parte do meu folclore pessoal - a primeira música que eu baixei pela internet foi uma do Legião Urbana que meu irmão queria tirar no violão. Lembro que demorou uma eternidade [mas o que não demorava uma eternidade numa conexão discada?], mas quando chegou foi aquele espanto. "Então daqui a pouco ninguém mais vai querer comprar CD".

Ainda tenho até hoje o primeiro CD de mp3 que eu fiz na vida. Levei meu precioso HD na casa do único amigo que tinha gravador de CD. Já naquela época eu tinha a mania de categorizar tudo, então todas as músicas estavam separadas por pastas como "Noisy", "Alternative", "Punk Rock"... Uma tonelada de lados B do Radiohead convivendo com coisas hoje inaudíveis como Anthrax. E tinha também o Catatonia, da *insira aqui muitos coraçõezinhos* Cerys Matthews, que era tudo o que eu queria pra mim, na época. O que foi, eu era apenas um garoto, tá?

Mesmo assim, não faz muito tempo, eu ainda comprava CDs originais, em parte porque não gastava meu dinheiro com mais nada de útil. Claro, ainda não resisto a uma promoção nem a uma boa loja de CDs usados, mas via de regra, me recuso a pagar 35 dinheiros em uma coisa que eu posso conseguir por... vejamos... zero dinheiros na internet mais próxima. Aquela história de não pagar por algo que custa muito mais do que vale. Ainda mais achando que o CD de música está com os dias contados mesmo.

Confesso: eu consumo mais música do que consigo desfrutar. Ou melhor, baixo mais música do que eu consigo ouvir. Síndrome dos novos tempos: conexão de internet ultraveloz + muita coisa disponível na net + mp3 players cada vez mais acessíveis. E, lógico, o fato de poder encontrar coisas na net que eu não encontraria numa Lojas Americanas nem nos meus mais desvairados sonhos. Discografia do Johnny Cash? O novo do Mars Volta? Richard Cheese nem pensar, né? E o meu arquivo de músicas vai crescendo e crescendo, esperando o dia em que eu vou ter tempo de fruir cada kbyte com a merecida atenção.



E.


comentário: o que fizeram com o iggy pop na capa da rolling stone???

c.

Vídeo da minha vó no Youtube

Outro dia a idéia me veio como um lampejo. Eu vivo anunciando a meio mundo que minha vó é videomaker, coisa que é mais inusitada, acho eu, do que dizer que ela é artista plástica (que foi o que eu disse minha vida inteira). Então, por que não colocar um vídeo feito por ela no YouTube, aí eu posso ilustrar pras pessoas: "minha vó é videomaker, taí o vídeo dela!". Liguei pra vó. "Vó, tive uma idéia genial! Vamos postar um vídeo teu, aquele das orquídeas, no YouTube! O que tu acha?". A resposta: "Eu não sei o que é o YouTube. A única coisa que eu sei é que teve um vídeo da Cicarelli com o namorado no YouTube...". Mas como minha vó é "prafrentex", ela aceitou postar um vídeo, mas vai falar com um amigo dela pra colocar. Aguardem.
Enquanto isso, refleti sobre meu uso do YouTube. Não é muito grande. Vejo vídeos, entrevistas e o que me mandam. Dentro do que me mandam, vi algumas coisas que viraram famosas, mas que eu não dei muita bola, como o "Tapa na Pantera" ou o Arnold Swazeneger (???) no Carnaval do Rio, vídeo bastante divertido. E, claro, o vídeo da Cicarelli. Recentemente vi um vídeo muito bom, animação, produzido por um cara com meu mesmo sobrenome. Esse vale a pena: Minotauromanquia.

Quanto ao comentário do meu amigo Raul, vou desenvolver um pouco mais a idéia do supérfluo na minha vida. Aguarde. Primeiro tenho que terminar o segundo capítulo...

C.

23 novembro 2006

Cor-de-rosa é de menina, azul é de menino

A idéia de fazer um blog junto com a Carolina é antiga, tem pelo menos um par de anos, eu acho. Porém, como dois grandes procrastinadores, só colocamos essa idéia em prática ontem à noite. Pois bem, espero que esse Love ? Always . [ou qualquer outro nome nonsense que esse blog possa vir a ter] me traga inspiração e que eu consiga escrever com alguma regularidade por aqui. Passadas 24 horas do primeiro post ever, que foi cor-de rosa - as damas primeiro - eu ainda estou empolgado. Isso é um bom sinal, não?

E.

Ter um blog é um algo a mais. Não é só ter inspiração para postar alguma coisa legal. Não é só ter um espaço para divulgar suas idéias mais loucas. Ter um blog é também aprender a mexer com mais uma ferramenta na sua vida. É aprender a encontrar a coisa certa em HTML para colocar os links legais. É aprender a escolher até o fuso horário certo.

É um supérfluo divertido.

Eu estava pensando ontem sobre as coisas supérfluas e a sociedade de consumo. Eu já tinha pensado bastante sobre a sociedade de consumo quando eu vi o documentário Verdade Inconveniente e como a sociedade acaba poluindo por conta de tudo que quer possuir, e como a população cresceu por conta dessas melhorias tecnológicas. Mas eu não sou expert nisso tudo. O que eu estava pensando é em quantas coisas eu tenho e não preciso. Em teoria eu preciso apenas de uma caneta, mas eu tenho várias. Preciso de apenas uma bolsa. Três, no máximo, para combinar. Mas eu tenho muitas mais. Preciso de dois sapatos, mas tenho vários. Eu tento evitar comprar coisas a mais, tento evitar o disperdício. Não compro coisas caríssimas, que custam muito mais do que valem. Eu reciclo o lixo. Mas de algum modo eu fui tragada nessa avalanche de desejos que a sociedade propaga. "Você é o que você tem", eles dizem. E isso é tão completamente errado.

Portanto, a busca agora é por uma vida simples. Não comprar nada que não seja necessário. A não ser livros. Nesse sentido, se a gente for pensar, as músicas na internet até são boas ecologicamente falando...

Tá, chega uma hora que vira besteira.

c.

22 novembro 2006

My Turn

Então começa um novo blog. Espero que seja legal. Espero ter inspiração. Espero que não seja tão tarde da noite na próxima vez que eu escrever. Espero que as pessoas escutem muita música e reciclem seu lixo. De resto, que sejam felizes.

c.